19 de março de 2007

Insônia

Ah!, como é triste a hora de dormir. Ir para a cama é como morrer para mim. Um pouco mais confortável e menos assustador, mas ainda assim, triste. Fechar os olhos enquanto se tem milhares de coisas a fazer, a pensar. Ir ao médico, ao dentista, à casa de um amigo querido, a um parque, ao cinema, ao banco... E então chega a hora fatídica e uma luta é travada entre mim e a cama. Ela também parece não querer-me ali, implora para que eu fume outro cigarro, assista a mais um filme ou escreva mais um verso. Mas a caneta não quer muito assunto. Se ela tivesse uma cama não hesitaria em morrer um pouco. Mas só um pouco.

6 de março de 2007

Homem-Gelo

Silêncio!
Diz teus olhos
para os meus.
Minha boca paralisada
te pede, implora
por apenas um grito.
Mas teu olhar me sussurra
um hálito gélido
que não consegue alcançar
meus ouvidos distantes.
Distantes porque tu corres,
foges, ignoras
a mim e ao resto.
Então só me resta esperar
que uma brisa quente
descongele teus lábios
e teu coração petrificado
para que tu possas
explodir, chorar
ou simplesmente me perdoar.